quarta-feira, 22 de julho de 2009

Caê quer mijar no teto

Ao contrário do Fanho, de quem nunca gostei nem cantando nem dando palpite torto, nunca admirei muito o Caetano Veloso como compositor e bem pouco como cantor - a não ser quando ele interpreta "Felicidade" do Lupicínio, que era uma das favoritas do meu avô. Mas sempre gostei de ouvi-lo falando, porque o gajo desenvolveu um notável bom-senso ao longo dos anos - o que é raríssimo nessas plagas.
Mas hoje na "Folha" o Caê mostrou um estranho lado oculto, ao dizer que ele tem saudades d' "o jato de urina forte, as ereções firmes". Ainda aos 48 mas já cardiopata certificado tenho a dizer que com 80 mg. de Lasix por dia meu jato de urina está mais forte do que nunca, mas botando a mão na consciência minhas ereções não são mais as mesmas. O que pretende o Caê ao dizer que as duas coisas estão associadas? Eu sempre dei ao meu querido Frederico notas diferentes por duas performances no que eu julgava serem áreas distintas - a fisiológica e a sexual - mas para o Caê ambas parecem indissolúveis (talvez ele não tenha visto aquela cena do Full Metal Jacket: "This is my rifle; this is my gun. This is for fighting, this is for fun"). Por que será? Minha única explicação lógica é que ele sentia prazer em mijar no teto. Coitada da Dona Canô.

terça-feira, 7 de julho de 2009

Minha paródia do Dan Brown

Se todo o mundo fez uma, eu também posso. Aí vai:

O ENIGMA O’BRIEN

Robert Langdon olhou de soslaio para os ponteiros do relógio de Mickey Mouse, mas o rato foi mais rápido e cobriu o mostrador com a luva branca antes que Langdon pudesse olhar as horas. Maldito roedor, pensou o Professor de Semiótica e Macramê em Harvard: em parte, era tudo sua culpa. Depois que a Audrey Tatou evaporou e Jean Reno teve um infarto quase fatal em conseqüência de interpretar um detetive franco-basco chamado Bezou Fache – todo mundo sabe que basco se chama Orrutea ou Gonorrea e que francês se chama Jacques ou Jean, até o Jean Reno, que nasceu Juan Moreno - Mickey era o melhor que tinham arranjado para o papel de Stupido Pazzo, o agente secreto da Guarda Suíça. Porque um agente suíço teria esse nome era outro mistério, mas Langdon sabia que a Cruz de Santo André sinaliza um cruzamento ferroviário e que o lema de Constatino está no maço de Marlboro, portanto...
Mickey também não estava nem um pouco satisfeito: dois dias ao lado de Langdon e ele sentia cada vez mais saudades de seu velho parceiro, o Pateta. O camundongo sentou-se num degrau e ficou abanando o rabo e contemplando o corpo inerte na sua frente, com a cabeça enfiada nas mãozinhas enquanto repetia seu velho mantra:
- Oh, boy...
A bala da pistola de Langdon tinha arrancado o tampo da cabeça do sinistro anão estrábico, que pela primeira vez encarava o teto em linha reta com seus olhos inanimados. A maldita criatura tinha negado até o fim pertencer a uma sociedade tão secreta que nem nome tinha, nem mesmo Prince, preferindo se identificar por símbolos esotéricos gravados com tinta invisível. Insidioso até o fim, o anão alegara ser um jóquei aposentado sobrevivendo como bookmaker e vendedor de artigos religiosos, mas Langdon sabia mais e era mais rápido, bem mais rápido do que um cara desarmado. A prova eram os escritos em código no bolso da jaqueta do morto: Leopards. Trif. 04 13 27; Ir. Sw. 21 14 07, St. Ther. of.... Precisava decifrar isso o quanto antes.
Um suspiro veio do fundo da cripta; alguém dividia com Langdon e Pazzo o exíguo espaço da sacristia da Capela de Corkadoragh. Mais uma relação platônica para a coleção do Professor: Busty Mc Titties, PHD em Arqueologia por Columbia, Summa Cum Laude em Paleontologia Religiosa pela State University of Anchorage, Alaska. Escocesa, olhos ruivos, cabelos pontudos e generosos que desafiavam a Lei da Gravidade, seios azuis. Com tantos predicados, como ela não estudara em Edimburgo?
Infelizmente, Pazzo sabia a solução do mistério: incapaz de obter um A-level sequer, Busty só conseguira vaga nas universidades americanas com uma bolsa de cheerleader. Depois de dar para o corpo docente, discente e fremente ela finalmente se graduara, mas se tivessem que depender dos conhecimentos dela para resolver o enigma... Oh, boy.
Os olhos treinados de Langdon perceberam a caixa antes dos outros, principalmente porque Pazzo estava olhando desconsolado para o teto e Busty contemplava desolada uma unha quebrada. Ali estava, oculta bem na frente deles na estante, a caixa com o símbolo sagrado na tampa. A harpa! Lógico que tinha que ser uma harpa: o símbolo celta, a alma da Irlanda, aquele instrumento sagrado e milenar que Turlough O’Carolan dedilhou às pencas mas nunca viu, que Harpo Marx tocou mesmo não sendo irlandês e sim judeu e se chamando Arthur Adolph, a harpa onde Cu Chulain se sentou e machucou os culhões e depois amaldiçoou e jogou na cabeça do Tylwyth Teg. A harpa! Precisava dizer a Pazzo:
- Ali! Ali! A caixa sagrada! Com a harpa gravada em alto-relevo na tampa!
- A caixa de brinde da Guiness? A de bolachas de chope? Deve estar aí há anos.
Mas Langdon não se intimidou e começou a examinar o escrínio milenar: devia haver alguma chave, algum segredo, algum código ou enigma ou...
- Blam!
A lata se abriu, revelando seu conteúdo ancestral, e Pazzo aparteou:
- Ferrugem?
Langdon ignorou a sarcástica ratazana, absorto em sua descoberta: esferas perfeitas de madeira revelando um alto grau de tecnologia em sua manufatura e pergaminhos absolutamente retangulares, numa proporção de satisfazer Fibonacci e Descartes: seqüências misteriosas de números em código. 5- espaço- espaço – 49 – 53 – 71 – espaço – 89. As seqüências se alternavam, se repetiam: 88 – espaço – 65 – 56 – 78 -87... Por sua vez, as esferas de madeira eram limitadas, mas os números marcados nos pergaminhos se mostravam infinitos: 101 – 78 – espaço – 34 – espaço – 63...
- Descobri!
Busty fez uma ar de interessada, mais por educação: tinha sido muito cavalheiresco do cara se arvorar em protetor depois de receber a foto da mãe dela sendo sodomizada pela Besta de Kelvinside, mas a velha já freqüentava aquele clube de swing há anos e tinha mais era que se dar por satisfeita com a experiência. E Pazzo – Mickey Mouse - se lembrava cada vez mais de João Bafodeonça e dos Irmãos Metralha como adversários dignos:
_ Hã?
- A Conspiração! Dentro do seio da Igreja Católica! Veja os números dentro dessas esferas perfeitas de madeira: seqüências de 00 a 99. Por outro lado, veja os pergaminhos: as seqüências vão até 101, e isso significa que...
- O Padre O’Brien roubava no bingo! Por isso ele reformou a capela em tempo recorde!
- Não, Pazzo, não é bem assim. Busty é na verdade tia da sobrinha da madrasta da cunhada de Santa Terezinha de Lisieux, e...
- Oh, boy...

segunda-feira, 6 de julho de 2009

sábado, 4 de julho de 2009

Novos superlativos para um novo século

Mais chato do que malabarista de sinal.

Mais inchado do que o ego do Lula (o nariz também serve).

sexta-feira, 3 de julho de 2009

Bichinho bonitinho

A PETA protestou contra o Todo-Poderoso Obama no último dia 17 de junho pelo inseticídio deliberado de uma mosca, transmitido em rede nacional. Pior, o Presidente demonstrou uma agressividade imperialista e antropocêntrica digna do Bush, exclamando "That was pretty impressive, wasn't it? I got the sucker." após chapuletar a inocente mosquinha.
Deve ter havido uma organização como a PETA em outras épocas de fé e fanatismo como o auge da Idade das Trevas, mas os membros foram exterminados depois de protestarem contra a matança de ratinhos bonitinhos durante a Peste Negra. Por falar nisso, Londiniculla continua com mais pombas do que o Hitchcock jamais imaginou, que fora a metralha de suas bazucas anais são ótimos vetores para SARS e outras epidemiazinhas mais amenas. Mas as versões caboclas da PETA adoram defender as pombinhas e culpar os humanos, pelo menos enquanto a Tia Maricotinha não cuspir sangue.
Para equilibrar, duas boas notícias para os bichicidas assumidos: a Inglaterra decidiu que não vai mais processar os caçadores de raposa, apesar da caça continuar sendo crime (viva! é o Brasil fazendo escola). E Portugal abriu uma exceção à Lei de 1836 que proibia a morte do touro na arena, colocando na legalidade os habitantes de Barrancos, que aliás nunca se lixaram para a proibição original. A última notícia é velha (de 2002) mas a matéria consta do Index da imprensa cabocla, então só lendo pela Internet.

Mal de Próstata

Já estou encostando nos 50 e cada vez me sinto mais como o Papel Higiênico John Wayne, que nunca fez sucesso no mercado porque era rude, duro e não agüentava merda de ninguém. Nem da reforma ortográfica; espera para ver se eu vou brigar com o corretor de texto para tirar o trema de “agüentava” aí em cima.
Os cinqüenta (tome trema outra vez) são uma época de descobertas e realizações: você descobre que está freqüentando cada vez mais a farmácia e menos o bar, que entre “Senhor” e “Tio” você definitivamente prefere o primeiro, e que em troca de alguns anos hipotéticos a mais você está disposto a acreditar nas únicas coisas do seu organismo que estão subindo inexoravelmente: o colesterol, os triglicérides, a glicose. E quanto às realizações, bem... aplique um anglicismo e veja que sooner or later you will also realize all that.
É hora de ler os obituários prestando atenção (Pombas, se a expectativa de vida está subindo por que esses caras estão morrendo com a minha idade?), de finalmente escutar o médico, de se lamentar por não ter aumentado o prêmio do seguro de vida. De ver como a vontade de fazer um monte de coisas diminuiu naturalmente, enquanto outras aumentam (confesse, você pensa mais e mais em finalmente ganhar na loteria e menos em passar uma noite com as Spice Girls; você só ia dar conta de duas no máximo e ninguém mais lembra quem eram elas).
Por um lado, uma coisa diminuiu saudavelmente: a sua paciência. Você não precisa mais de ver Festival Fassbinder para comer ninguém, nem assistir Glauber Rocha para conversar no botequim. Pode ficar em casa de licença médica e começar um blog para mostrar à mocidade que o mundo está indo aos cães.
É isso aí.